O Natal
Festa do Menino (homem) Deus
Prof. aerton Carvalho
Para os cristãos católicos o Natal não é uma celebração sacramental como a Páscoa, onde toda a Teologia e a Liturgia desembocam na instituição de um sacramento, a Eucaristia. No decorrer da história os teólogos entenderam que esse período natalino foi cristalizando a concepção que rege a vida da igreja no que toca a seu principal dogma, Jesus Cristo é Deus e homem, como afirma o Concílio de Calcedônia em 451. Natal é uma oportunidade dos cristãos compreenderem a pessoa de Cristo, por isso, trata-se de uma comemoração catequética.
Desde muito cedo a Igreja compreendeu que celebrar o nascimento de Jesus no dia 25 de dezembro, quando acontece o solstício de inverno, é lembrar aos seus fiéis que o Cristo é nossa luz invencível. Como diz S. Leão Magno: “O Natal do Senhor, pelo qual o Verbo se fez carne, nos ensina não só a recordar o passado, mas nos parece vê-lo presente”.
De fato, Jesus não é uma idéia, é Deus presente na história, antes de tudo Deus, que se encarna na história. Essa existência humana de um homem chamado י¬¬ש¬¬ו¬¬ע¬¬ – Yeshû،¬¬a (Ieshuá – Jesus), situado num tempo histórico e com características muito peculiares é atestada por escritores não cristãos como Suetônio (Vida de Cláudio, 25,4), Tácito (Anais 15,14) e Plínio o Moço (Epístolas 10,96). Mas, é Flavius Josephus quem nos dá mais detalhes sobre o Cristo, quando o apresenta como alguém que atraía para si judeus e gregos, que morreu e ressuscitou, e que seus seguidores, receberam o nome de cristãos, surgindo dali uma nova religião.
Contudo, para os cristãos, o principal documento que atesta a encarnação, e para o qual se dá mais fé que os demais, não é outro senão a Sagrada Escritura. O verbo que se faz carne a partir do sim de uma jovem israelita. Os Evangelhos não querem outra coisa senão falar daquele que os olhos de muitos contemplaram, que as mãos de muitos tocaram e que, por primeiro, foi envolto em panos e levado ao colo de Miryam (Maria), sob a assistência de Yôsef (José) naquela noite encantadora na qual a manjedoura foi um templo para Deus.
É com os olhos da fé que os cristãos contemplam esse Menino Deus. Ele é um com o Pai e o Espírito Santo, e se faz carne para elevar a carne humana por Ele criada, mas, corrompida pelo pecado. A encarnação é para a humanidade momento de restauração. Dignamente Deus cria a natureza humana e, dignamente, restaura-a pela encarnação do Filho fazendo o homem participar da divindade daquele que se dispôs participar, pela encarnação, da nossa humanidade.
É teologicamente e liturgicamente celebrado o grande mistério pascal, afinal, a encarnação do verbo só tem sentido se entendida à luz da sua morte e ressurreição. Jesus Cristo, o sol invencível, a luz que nunca se apaga, Deus conosco, Deus para a humanidade, libertador da condição humana, redentor das trevas e das limitações que oprimem a humanidade. Ele nasceu para nós, e nós, com Ele, nascemos para o Eterno.